VACINAS E SAÚDE




Muitos pais me perguntam no consultorio sobre vacinas. Muitos tem uma imagem de que médicos que trabalham com uma orientação da antroposofia sāo contra vacinas ( o que não é verdade) e chegam receosos ao consultório; fazem logo a pergunta: mas você vacina, não? Existe o medo de nāo fazer tudo o que possa ser feito para prevenir as doenças de seus filhos.
É claro que, cuidar da saúde de nossos filhos é o que todos queremos...mas será que dar todas as vacinas possíveis é o caminho correto? A medicina se tornou muito impositiva, como que se só houvesse um jeito de se tratar determinado problema....e, mais e mais , sabemos que isso nāo é verdade. Como entāo decidir sobre o que faremos com nossos filhos?
Na busca de informações, hoje em dia facilitada pela internet, chegaremos a basicamente dois grupos de opiniões: um que aponta vários malefícios das vacinas, incluindo paralisias, autismo, doenças neurológicas e imunológicas e outro grupo que acha que tudo isso é uma bobagem e falta de informação científica...ainda que se considere o problema atual da ciência que se diz totalmente isenta de subjetividade, e que cada vez mais se torna vítima de políticas diversas e interesses econômicos e no final, acaba nāo oferecendo necessariamente a clareza e verdade que ela própria tanto se auto atribui.
A vacinaçāo como prática estabelecida surgiu no momento em que se percebeu que as doenças poderiam se causadas por um agente externo “palpável”. As doenças eram antigamente vistas como problemas divinos, causadas por forças da natureza. As curas eram curas espirituais e mágicas. Numa época que coincide com a revolução científica e o abandono de crenças espirituais em prol da matéria, a idéia de que as doenças pudessem ser causadas por agentes diminutos reafirma o tipo de consciência que vinha se desenvolvendo . Quando se percebeu que injetando um pedaço de microorganismo no corpo, esse ficava imune a esse vírus ou bacteria, se estabeleceu uma revolução na medicina. A doença passa a ter como causa um microagente que poderia ser evitado ou eliminado, sistematizando a cura com uma estratégia objetiva. Isso foi acentuado com a descoberta da penicilina e com um novo conceito de higiene que foi se estabelecendo – existiam germes que poderiam ser eliminados com o uso de desinfetantes…antes as cirurgias eram feitas por mãos não lavadas e sem o uso de luvas!
Claro que a medicina se tornou, por esse motivo, uma fonte de recursos , técnicas e medicamentos que gerou rapidamente o desenvolvimento de laboratórios farmacêuticos e como consequência enormes interesses econômicos. E culturalmente ficou cada vez mais presente a ilusão de que as doenças poderiam ser controladas com o máximo de antibióticos e vacinas possível e com a higiene intensa do ambiente (sabões, detergentes, produtos de limpeza em geral).
Essa nova cultura se instalou de forma extrema, e construiu toda a educação médica do século XX. A Idéia de que a imunidade só possa ser atingida com o uso de vacinas , e de que as doenças infecciosas só possam ser superadas com o uso de antibióticos também passou a estar presente na consciência do homem moderno. Muitos pais me perguntam, por exemplo, no consultório, se o bebê pode sair de casa mesmo sem ter tomado as vacinas….Ou não se entende como uma pessoa com uma amigdalite com pus pode se curar sem antibióticos.
Apesar do grande desenvolvimento atingido com o uso de antibióticos, que de fato ajudam a salvar vidas , e das vacinas – imagine que maravilha uma vacina efetiva contra a AIDS – toda compreensão da saúde acabou sendo comprometida com a teoria do germe. Teoria que posteriormente geraria muita discussão a medida em que começou a ser percebido que o excesso de higiene e anibióticos poderia também nāo ser assim tão bom, podendo favorecer predisposições alérgicas e autoimunes.
O sistema imunológico não nasce pronto (assim como o sistema nervoso). Nós recebemos de presente um conjunto de anticorpos de nossas mães, que passa pela placenta durante a gestação. Isso nos permite lidar com o fato de logo após o nascimento entrarmos em contato com uma série de substâncias estranhas ao nosso corpo e várias bactérias que passam a conviver em nossos intestinos. O leite materno também fornece anticorpos e até células imunológicas! Mas isso tudo dura apenas alguns meses, e a criança deverá desenvolver o seu próprio sistema imunológico. O que acontece com a ajuda da alimentação, da educação e das doenças qua a criança passa nos primeiros anos de vida. Poderiamos até dizer, dessa forma, que doenças infantis ajudam no amadurecimento imunológico - assim como cair da bicicleta ajuda a criança a aprender a se equilibrar. Conseguir vencer as doenças sem usar muitos medicamentos que cortem rapidamente o processo ajuda bastante o sistema imunológico a aprender.
As vacinas protegem as crianças contra um pequeno número de doenças. A maioria entretanto, deverá ser controlada pelo seu próprio sistema imunológico . Como acontece com o sistema nervoso, o aprendizado se dará com base em pequenas experiências que se acumulam e acabam por fortalecer a criança para que ela aprenda a lidar com situações mais difíceis.
Vários trabalhos mostram que o estilo de vida influência no fortalecimento imunológico: comer alimentos frescos e integrais, ter uma educação que não estimule o intelecto precocemente, usar menos antitérmicos,anti-inflamatórios e antibióticos. Ter um sistema imunológico fortalecido diminue as chances de alergias, doenças auto-imunes e câncer.
O corpo humano está em equilíbrio dinâmico na sua fisiologia e na relação que temos com o mundo que nos rodeia, incluindo nossa vida emocional e cultural. Muitos remédios e vacinas, entretanto, foram desenvolvidos com uma visāo muito pontual dos problemas que não leva em conta essa visão mais global,como por exemplo um remédio para eliminar bactérias, mas que nem por isso deixam de atuar no resto do organismo e podem, como está provado hoje em dia, causar alguma desregulaçāo na fisiologia do corpo. Pode até aparecer desequilíbrios imunológicos em função disso . As vacinas precisam de um conservante (as vezes mercúrio) e de um estimulante (adjuvante) imunológico e que também pode eventualmente causar alguma desregulação em função disso.
Vivemos entāo nesse dilema, quanto de vacina e medicamentos pode ser bom e o quanto pode nos prejudicar....As decisões sao difíceis de serem tomadas mas o importante na minha opinião, é que as diversas possibilidades sejam questionadas.

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